sexta-feira, 25 de abril de 2008

As Portas que Abril abriu

«Era uma vez um país

onde entre o mar e a guerra

vivia o mais infeliz

dos povos à beira-terra.

(...)

Era uma vez um país

de tal maneira explorado

pelos consórcios fabris

pelo mando acumulado

pelas ideias nazis

pelo dinheiro estragado

pelo dobrar da cerviz

pelo trabalho amarrado

que até hoje já se diz

que nos tempo do passado

se chamava esse país

Portugal suicidado.

(...)

Foi então que Abril abriu

as portas da claridade

e a nossa gente invadiu

a sua própria cidade.

Disse a primeira palavra

na madrugada serena

um poeta que cantava

o povo é quem mais ordena.

(...)

Foi esta força viril

de antes de quebrar que torcer

que em vinte e cinco de Abril

fez Portugal renascer.

E em Lisboa capital

dos novos mestres de Aviz

o povo de Portugal

deu o poder a quem quis.»

in SANTOS, Ary dos.- As Portas que Abril Abriu. Lisboa, 1975.

Intervenção Eleitos CDU - Sessão Comemorativa 25 de Abril -

Exmº. Sr. Presidente da Assembleia Municipal

Ilustres Deputados

Insigne Presidente e Vereadores da Câmara Municipal

Estimados participantes


Celebrar o 34.º aniversário da Revolução de Abril, na actual conjuntura, adquire significado profundo:

Abril e os seus ideais resistem, no coração do povo português, apesar dos mais ferozes ataques desferidos às conquistas da Revolução; mais de 30 anos de embustes, mentiras, traições execráveis, a crise global que fustiga este país é, justamente, o produto mais acabado: da contra-revolução, da negação de valores, do amparo à corrupção e aos mais escandalosos enriquecimentos, salientando que, enquanto cresce a pobreza, enquanto a exclusão ganha terreno, com o cortejo de injustiças, as 500 maiores empresas disparam o crescimento astronómico, preparando, cuidadosamente, novas obras faraónicas, agigantando as assimetrias litoral/interior, para mais e melhores benefícios dos mesmos interesses.

Celebrar Abril é acto de fortaleza! Repudiemos um certo clima de saudosismo e ausência, associado ao conformismo, ligado à indiferença, promovido para adormecer memórias cuja permanência acusa os sórdidos manipuladores da democracia que toleram, reduzida à expressão mais simples, ao «votozinho» cativo e comprado, com aparência de liberdadezinha!

Sem entusiasmo, sem zelo, sem alma, seguem e estimulam rotinas, - com programas indignos da festa da Liberdade, mas dignos da «apagada, austera e vil tristeza»que define os adoradores do cifrão - folclores, e certas vaidades, crendo que tudo gira na sua órbita.

O contexto de crise que atormenta Portugal é responsabilidade do «centrão» que, com alternância, mas sem alternativa, tem des/governado, nos últimos 33 anos, querendo, logo que tomam o Poder, apagar a memória das mal-feitorias praticadas, antes de ser arredado pelo concorrente que, tão inútil e vazio como os reciclados poderosos, que, através de promessas e malabarismos, acederam, por simples troca, às cadeiras do Poder e, por consequência, à mesa do orçamento e à fonte dos «tachos para compadres» que os caracteriza, mudando os rostos, mas fazendo pior uns que outros.

Une-os: o ódio aos trabalhadores; a intolerância à democracia plena; à injustiça social; o ajuste de contas com as conquistas de Abril.

Para fingir diferenças: brincam aos conflitos; disputam a manipulação da comunicação social; procuram as «boas graças» dos detentores do poder económico: seja os burocratas de Bruxelas, seja os promotores do militarismo agressivo de ANATO, seja o que aparecer, pedindo, em troca, «fotozinhas» para simular importância, para consumo interno, pois claro, porque sabem que os «grandes» os desprezam, por mérito próprio, já que a subserviência os faz credores de pouco respeito.

O recente espectáculo da aprovação do Tratado dito, por delirante vaidade, «Tratado de Lisboa» fez salientar a dimensão mesquinha destes dirigentes que, inchados de prosápia, revelaram um provincianismo confrangedor.

Tanto pavor os assaltou do veredicto do povo, que, mentindo outra vez, recusaram referendar o tratado, agradando, desta maneira, aos seus mandadores, os verdadeiros «donos da Europa» que lhes dispensam pequenos favorzinhos que os fazem parecer «criancinhas ufanas» com o mimozinho dos «verdugos do povo trabalhador e dos milhões de pobres, marginalizados e excluídos desta «Europa do capital».

Os adversários da Revolução quiseram fazer crer que «Abril é de todos»... desiludam-se que não merecem qualquer crédito aqueles que, por actos, palavras e obras, foram sempre protagonistas: na destruição das conquistas de Abril; das revisões conservadoras da Constituição; das privatizações, cedendo aos grandes grupos económicos as alavancas do desenvolvimento da Pátria, conduzindo à mais dura crise económica; da destruição do Estado Social: privatização programada, ao longo de mais de 30 anos da saúde: redução, ao mínimo, da formação de médicos e outros técnicos superiores qualificados; subfinanciamento sistemático do Serviço Nacional de Saúde; encerramento de serviços e unidades, com particular implicação nas regiões interiores, cujos índices de desenvolvimento e características sociais reclamavam políticas de saúde humanizadas; recordemos, com desprazer para os perjuros da revolução, as violações dos Direitos Humanos – violação do Direito à Vida – por morte de dezenas de pacientes, por iniludível responsabilidade dos partidos alternantes no des/governo.

Inovação da Revolução de Abril, as políticas sociais não poderiam furtar-se à fúria neoliberal: as recentes alterações no regime de pensões são a expressão representativa deste centrão associal; como é possível imaginar mudanças que reduzam as pensões, quando a inflação é incontrolável? Será que esta clique dirigente «sonha» o paraíso» da «alcofa e bordão de mendigo» para milhões de portugueses? Será este o legado que imaginam para as gerações futuras?

«Democracia» é a palavra que bradam mais vezes! Como a tratam? Referendaram os tratados europeus? Salvaguardam a liberdade de expressão? Asseguram a liberdade de manifestação? Terá sido «incompetência» a intromissão das forças policiais em sindicatos e escolas? E a recente lei – derrotada - para, por engenharias administrativas, assaltar as autarquias locais? E a revisão das leis laborais? E a exclusão das pessoas com deficiência? E a degradação das pequenas e médias empresas? Seria difícil enumerar as mal-feitorias impostas aos portugueses, durante 33 anos. Portugal tem sido des/governado por partidos bem identificados, cuja obstinação, instalados nas cadeiras do Poder, é apagar a lembrança dos sofrimentos infligidos aos grupos mais desfavorecidos de portugueses. O crescimento da pobreza, (quantas vezes envergonhada) do desemprego, do insucesso escolar, da marginalização, da toxicodependência, da desigualdade de oportunidades e outros flagelos repetidamente divulgados pela comunicação social, todos os dias, embora por mera questão de «negócio de audiência», são o mais claro libelo acusador destes 33 anos de poder do centrão, realçando-se os últimos anos de des/governo do P. S. Que excedeu todas as políticas de direita. Retornaram: o autoritarismo; a perseguição aos opositores; os favores, as benesses para clientes, compadres e amigos atingiram níveis jamais conhecidos, parecendo, algumas vezes, retrotrair-nos aos indesejáveis tempos do «estado novo». Estes comportamentos não se circunscrevem ao Governo, porque por estas terras assistimos, à provinciana dimensão, a comportamentos e práticas semelhantes, por mais retóricas democráticas que sejam proclamadas!... Como denunciámos, nas pretéritas comemorações do 25 de Abril, reconhecendo a legitimidade dos órgãos eleitos, houve reprováveis práticas, no limiar da democracia, que precederam as mudanças autárquicas. A transparência de processos/procedimentos não é apanágio desta maioria; rejeitámos e rejeitaremos, por coerência, tudo o que seja «diáfana democracia», tudo o que não revista mediana claridade; e a catastrófica situação financeira da Câmara Municipal exige (e reclamamos) «transparência luminosa»...



A conjuntura de desencanto e crise é tema dominante, porque os sinais de desastre afloram, embora sejam difusos, porque são escondidos dos portugueses, através de pertinaz manipulação da comunicação social, mediocrizada, propensa à lamechice, inclinada ao «choradinho» como receitas infalíveis para hipnotizar o povo; o desastre recomenda, para esquecer, doses maciças de soporíferos programas televisivos que, quanto piores, melhor adormecerão desprevenidos, prolongando, por artifício, a ilusão da «única alternativa». Desiludam-se, porque os portugueses, durante o último ano, em multidudinárias manifestações, afirmaram «rejeitar esta governação, porque sabem que outras alternativa é possível e, sobretudo, necessária. Comemorar Abril é património dos milhares de homens e mulheres que, na rua, souberam gritar, com insistência, «mentirosos»! Os ideais de Abril, as esperanças de Maio, irromperam, resistiram, fizeram-se «força» e anunciam o alvorecer da imperativa mudança! Cantados por poetas, amados por seres libertos, os ideais de Abril frutificam, da noite dos tempos, em rubros cravos, no coração do povo!... Cabe, neste passo, saudar os gloriosos capitães de Abril. Igualmente, é justo recordar, com afecto, aqueles homens e mulheres que pagaram com a vida o alto preço da nossa querida liberdade. O vosso singular sacrifício evoca a nossa determinação e resistência para transformar em realidade madura esse vosso e nosso tão amado sonho: construir a sociedade livre da exploração, igual, justa, fraterna, humanista, a sociedade socialista!...

terça-feira, 15 de abril de 2008

Liberdade de Expressão

Uma das primeiras afirmações da Junta de Salvação Nacional, derrubada a ditadura, cedimentada a Revolução de Abril foi que a censura era extinta, prevalecendo a «liberdade de expressão».
Conquista inmediata, produto genuíno de Abril, a liberdade de comunicação teve, desde logo, numerosos detractores: uns manifestos, outros ocultos, abominando-a, quando os seus privilégios e interesses fossem tocados.
Esta pecha, este pecado de liberdade de expressão foi contaminando esta desditosa democracia mal amada, logo à nascença por alguns que, tempo depois, adulavam a liberdade de expressão, quando, através da mais ignóbil infâmia, preparavam o caminho da contra-revolução, do ajuste de contas com as conquistas de Abril, da supressão dos direitos dos trabalhadores, com a porta franca aos interesses dos seus valedores, os grandes senhores do passado, «vestidinhos» agora de democratas.
30 anos de afronta à liberdade de expressão, 30 anos de nova censura: agora já não há lápis vermelho! Agora há chorudos cheques, desmesurados favores, faustas benesses. Quando o mensageiro é honrado, quando não se deixa corromper por estes novos instrumentos de censura, mata-se, se não resistir!
Tecem-se estas judiciosas considerações a respeito do blogue da CDU – Coligação Democrática Unitária – Borba.
O blogue incomoda muita gente! Porque será?! Que se passa, que desnorteia poderes e interesses? Algo deverá passar-se, porque, por um lado, incontinentes verbais, procuram introduzir a «grosseria», a descortesia; por outro, procuram, com subtileza, perseguir, silenciando, se possível, o blogue.
Silenciar a liberdade, por agora, há-de ser difícil, apesar do empenho que os move para retornar à censura.
Perseguir! Tudo farão, mas a derrota é certa.
«Não há machado que corte a raiz ao pensamento»
Liberdade de opinião, plena; obscenidade, grosseria, descortesia, serão rejeitadas, com decisão!
Para a CDU a política é «nobre», faz-se com pedagogia. Para outros a política é «arte de interesses», valendo tudo para cercear a diferença.
Sigam o seu degenerado caminho, que nós seguiremos o recto caminho do «trabalho, honestidade e competência»! são opções...

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Almoço comemorativo do 34.º aniversário do 25 de Abril

O Partido Comunista Português, à semelhança dos anos anteriores, organiza, 25 de Abril de 2008, um almoço comemorativo do 25.º aniversário da gloriosa Revolução dos Cravos.
O almoço terá lugar no restaurante «O Arado».
O preço será 10€ por pessoa.
Inscrições, abertas a militantes, simpatizantes e democratas, devem ser efectivadas, até ao dia 23 de Abril, através dos contactos: cduborba@gmail.com; telem. 966014158.