sábado, 26 de julho de 2008

Património Construído que futuro III?

Fonte das Bicas à noite, 24 Julho

Estranha noite


Estranha noite velada,

Sem estrelas e sem lua.

Em cuja bruma recua

Fantasma de si mesma cada imagem

Jaz em ruínas a paisagem,

A dissolução habita cada linha.

Enorme, lenta e vaga

A noite ferozmente apaga

Tudo quanto eu era e quanto eu tinha

E mais silenciosa do que um lago,

Sobre a agonia desse mundo vago,

A morte dança

E em seu redor tudo recua

Sem força e sem esperança.

Tudo o que era certo se dissolve;

O mar e praia tudo se resolve

Na mesma solidão eterna e nua.

Sophia de Mello Breyner Andresen


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